“Planeta dos Macacos: A Guerra” é o melhor desfecho possível para a trilogia • B9

Comentários

Sua voz importa aqui no B9! Convidamos você a compartilhar suas opiniões e experiências na seção de comentários abaixo. Antes de mergulhar na conversa, por favor, dê uma olhada nas nossas Regras de Conduta para garantir que nosso espaço continue sendo acolhedor e respeitoso para todos.

Capa - “Planeta dos Macacos: A Guerra” é o melhor desfecho possível para a trilogia

“Planeta dos Macacos: A Guerra” é o melhor desfecho possível para a trilogia

Matt Reeves e Andy Serkis usam a tecnologia para concluir a jornada de César com emoção

por Virgílio Souza

Quando a série “Planeta dos Macacos” foi relançada em 2011, as possibilidades abertas pela tecnologia de captura de movimentos eram, de longe, seu principal atrativo. Chamado de “A Origem”, o filme dirigido por Rupert Wyatt conseguia dar vida a suas criaturas — em especial a César, o chimpanzé interpretado desde então pelo ótimo Andy Serkis e “maquiado” digitalmente na pós-produção.

A franquia chegou a mudar de mãos no longa seguinte, “O Confronto”, passando a ser responsabilidade de Matt Reeves (que havia feito “Cloverfield”), mas nunca deixou de ter essas ferramentas tecnológicas como importante recurso narrativo. Segundo o próprio diretor, que também comanda “A Guerra”, a perspectiva de se identificar tão fortemente com um personagem coberto por computação gráfica era a semente de tudo.

Andy Serkis no set, com Karin Konoval, Terry Notary e Michael Adamthwaite

Ao longo dos três filmes, César passa de um macaco dócil criado por humanos a uma figura mítica capaz de alterar para sempre os rumos de várias espécies. Alguns dos seus traços mais marcantes são preservados no caminho, o que favorece a compreensão da jornada como um arco completo. O domínio da fala, por exemplo, é um traço marcante desde a infância, quando ele começa a emitir sons mais claros, até a vida adulta, quando usa a comunicação para organizar seu grupo.

Nesse sentido, “A Guerra” dá um passo adiante em relação aos longas anteriores. A inclusão de novos personagens, como Bad Ape (Steve Zahn) e Nova (Amiah Miller), abre o leque de perspectivas sobre questões essenciais da série. Um chimpanzé que articula frases com alguma dificuldade e uma garota que perdeu essa capacidade em decorrência do vírus que deu inteligência aos macacos, eles compõem um painel bastante representativo do estado daquele mundo e levantam dúvidas sobre o que significa, no fim das contas, ser humano.

Algo semelhante pode ser dito sobre o Coronel (Woody Harrelson), que surge como a manifestação mais extrema da civilização à beira do colapso. Ele é uma espécie de Kurtz, o personagem de Marlon Brando em “Apocalypse Now”: um animal que vive por instinto, alguém perdeu sua humanidade quando cedeu ao ódio, ao caos e a suas obsessões. A fala comprometida, os grunhidos e a maneira como a câmera o enquadra, sempre abandonando a luz em direção às sombras, servem a esse propósito e ainda ajudam a situar o filme no campo dos mitos.

A atenção para detalhes do tipo destaca “Planeta dos Macacos” de outras franquias de porte parecido

Além de acrescentar camadas a discussões tão antigas quanto a própria franquia, o roteiro de Reeves e Mark Bomback recorre a elementos apresentados nos capítulos prévios da trilogia — sobretudo no segundo, também assinado pela dupla. A sombra de Koba (Toby Kebbell), o rebelde que desafiou César em “O Confronto”, insiste em atormentá-lo e, por isso, afeta algumas de suas decisões mais graves. Ao mesmo tempo, figuras importantes na construção do protagonista, como o filho mais velho (Max Lloyd-Jones), retornam em um contexto consideravelmente mais tenso, e a maneira corajosa como são tratadas dá ênfase às relações pessoais desenvolvidas anteriormente.

A atenção para detalhes do tipo destaca “Planeta dos Macacos” de outras franquias de porte parecido. Por mais que a guerra como um evento de grandes proporções seja um componente importante da narrativa, gerando referências diretas a obras do gênero, o foco está sempre voltado para os personagens e suas emoções. Esse é um dos principais feitos de Reeves: entender que as atuações, reforçadas por uma tecnologia de alcance incomparável na indústria atual, são a chave para o sucesso do filme.

O diretor segue essa linha em diversas frentes. O trabalho de fotografia do experiente Michael Seresin, por exemplo, jamais tenta esconder suas criaturas, demonstrando confiança no peso da trama e no realismo dos efeitos visuais — como esse vídeo demonstra. Intensos planos fechados nos rostos dos personagens existem aos montes, remetendo aos faroestes de Sergio Leone, e a montagem evita cortes rápidos, prolongando cada plano para reforçar a identificação com César e os demais.

É também uma surpresa positiva a aposta do filme no silêncio

Assim, “A Guerra” atinge um equilíbrio raro entre a grandeza que o encerramento de uma trilogia exige e a intimidade que essa história específica demanda. A trilha sonora de Michael Giacchino, sua melhor em anos, contribui para isso. Com variação entre fortes temas orquestrados e trechos mais calmos, o compositor define o tom com que encaramos o universo dos primatas: somos parte dele tanto pela urgência que antecede cada batalha quanto pelo afeto dos segmentos envolvendo Maurice (Karin Konoval), por exemplo.

É também uma surpresa positiva a aposta do filme no silêncio — ou, ao menos, em uma maneira de pensar o som pouco comum a blockbusters recentes. Em diversos momentos, sobretudo quando estamos estacionados na selva ou caminhando rumo ao norte, temos a oportunidade de escutar um mundo sem humanos, com ruídos que soam novos aos nossos ouvidos e provocam sensações também inéditas, de paz ou de apreensão. Muito da imersão decorre do contraste entre esses instantes e as sequências mais agitadas e violentas da guerra.

A impressão de que Matt Reeves é um caso especial em Hollywood se confirma também na forma como ele lida com a ação

A impressão de que Reeves é um caso especial em Hollywood se confirma também na forma como ele lida com a ação. As sequências de combate não são necessariamente as mais inventivas, mas acertam na clareza com que exploram elementos do cenário e na carga emocional investida — há filmes no topo das bilheterias que não têm nenhuma dessas coisas, e as escolhas do diretor felizmente revelam um olhar pouco acomodado. Em “A Guerra”, cada imagem tem peso, seja ela a despedida de dois amigos ou parte de uma alegoria sobre o holocausto.

Graças a essa fé no que está em tela, o diretor se esquiva ainda de outra mania de muitos de seus colegas. Exceção feita à sequência de abertura, que localiza o espectador na trama, praticamente não há exposição direta por meio de texto ou diálogos. As ações falam por elas mesmas e, quando escondem segundas intenções, se revelam a partir do comportamento e das interações (muitas vezes apenas físicas) entre os personagens. No fim, bastam uma troca de olhares e um coral de vozes que não requer tradução: nada mais adequado para encerrar uma trilogia fundada na possibilidade de empatia entre diferentes espécies.

nota do crítico

todo tipo
de conversa
para quem quer
sair do raso
Photo by Prince Akachi on Unsplash

transforme sua marca em conversa
conte com o b9

20 anos de pioneirismo digital

Aqui no B9, a gente adora uma conversa. Mais do que uma paixão, elas viraram o nosso negócio. O B9 já produziu milhares de episódios, canais temáticos, eventos, palestras e campanhas que contam histórias, expandem horizontes e criam conexões autênticas com a audiência. Buscando diferentes pontos de vista e com ideias que nos tiram do raso. Através de oportunidades de mídia, conteúdos originais em podcast e projetos multiplataformas, o B9 também coloca marcas e empresas nessas rodas de conversa. Pra conhecer nossos cases e tudo o que o B9 pode fazer pela sua marca acesse o site:

negocios.b9.com.br
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro